Médica Psiquiatra, Dra. Patrícia Pires, alerta sobre os riscos dos padrões inatingíveis
Com o início da São Paulo Fashion Week (SPFW), os holofotes voltam-se mais uma vez para o mercado da moda, segmento que muito influencia na atual busca de homens e mulheres pelo corpo perfeito. Em um cenário onde corpos extremamente magros ressurgem como padrão de beleza, a preocupação com a saúde mental torna-se cada vez mais relevante.
O ressurgimento da magreza extrema como padrão na moda retoma a estética dos anos 2000 e preocupa especialistas. A imagem do corpo esguio, muitas vezes inatingível, é constantemente estimulada, o que alimenta uma cultura de insatisfação corporal e potencialmente leva a transtornos alimentares.
A Dra. Patrícia Pires, médica psiquiatra, comenta que “a pressão para se encaixar nesse padrão de beleza inacessível pode acarretar consequências profundamente devastadoras para a saúde mental. Temos observado um aumento alarmante nos casos de anorexia, bulimia, transtorno dismórfico corporal e transtornos depressivos, impulsionados pelo excesso de competitividade, onde indivíduos se sentem obrigados a superar uns aos outros e, muitas vezes, recorrem ao uso de substâncias para buscar uma sensação de bem-estar.”
A obsessão pela magreza não é apenas uma questão física, mas também mental. A autoimagem distorcida pode levar a comportamentos prejudiciais e a uma espiral de autodestruição. “Será que a indústria da moda compreende a magnitude de sua responsabilidade ao exigir que as modelos sejam excessivamente magras, negligenciando a importância de um corpo saudável e realista?”, questiona a especialista.
“É importante reconhecer que a beleza vai muito além de um corpo magro ou musculoso. A saúde mental deve ser priorizada, e isso inclui cultivar uma relação saudável com o próprio corpo e reconhecer o valor da diversidade de formas e tamanhos”, conclui.
Diante da realização, SPFW, evento que se destaca entre as principais semanas de moda do mundo, é necessário lembrar que a moda deve ser celebrada como forma de expressão e criatividade, e não como ditadora de padrões inalcançáveis. A busca pelo corpo perfeito não pode ser separada dos cuidados com a saúde mental, e é essencial que a sociedade como um todo promova uma cultura de aceitação e inclusão.