Criar filhos fora do Brasil é um grande privilégio — mas também um desafio silencioso. Em meio a culturas diferentes, escolas bilíngues, tradições que não são nossas e um estilo de vida acelerado, muitos pais brasileiros se perguntam: como garantir que nossos filhos cresçam com os valores que acreditamos, que são o alicerce da nossa fé e identidade?
A resposta não está em resistência cega à nova cultura, mas em uma postura intencional, firme e amorosa de plantar raízes dentro de casa, mesmo com os pés em outro solo.
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1. Lar: o primeiro discipulado
No exterior, a casa precisa ser mais do que um lugar de descanso — ela precisa ser um lugar de ensino, cultura e fé. Isso significa conversar sobre temas do dia a dia com uma perspectiva cristã, fazer devocionais simples em família e, sempre que possível, incluir a Bíblia nas pequenas decisões.
Além disso, trazer elementos da cultura brasileira para dentro do lar fortalece a identidade dos filhos: músicas, comidas, expressões, histórias. Isso cria vínculos e os ajuda a entender de onde vieram e quem são.
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2. Igreja: um lugar de pertencimento
Frequentar uma igreja que fale sua língua e compartilhe seus valores é fundamental — não só para os pais, mas também para as crianças e adolescentes. A igreja se torna uma extensão da família, um lugar onde os filhos encontram referências saudáveis, fazem amizades e aprendem que fé não é tradição, é vida.
No caso da Suíça, por exemplo, igrejas como a Verbo da Vida de Winterthur têm investido em grupos infantis e de jovens que ensinam a Bíblia de forma criativa e atual, fortalecendo os valores cristãos em uma linguagem acessível para quem vive entre culturas.
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3. Comunicação: firmeza com afeto
Muitos pais brasileiros enfrentam a pressão de filhos que crescem em uma cultura mais liberal, com ideias e padrões diferentes. A chave é manter diálogo constante, sem abrir mão dos princípios. Explicar o “porquê” dos limites com clareza, e não apenas impor.
Educar com firmeza e afeto é o que cria convicção — não repressão. E o exemplo fala mais alto do que qualquer discurso. Os filhos observam como os pais vivem a fé, como tratam os outros, como reagem à pressão da sociedade. É nisso que vão se espelhar.
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4. Conexão com o Brasil: uma ponte que não deve ser quebrada
Mesmo que estejam construindo uma vida nova, manter laços com o Brasil pode ser uma grande ferramenta de fortalecimento de valores. Visitas, conversas com familiares, filmes, livros infantis cristãos brasileiros e até encontros com outras famílias brasileiras ajudam os filhos a verem que não estão sozinhos.
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5. Identidade cristã em um mundo global
Criar filhos cristãos no exterior é um chamado. Não é sobre criar filhos “comportados”, mas filhos que entendam sua identidade em Cristo, que saibam quem são mesmo em um mundo que tenta rotulá-los por língua, aparência ou cultura.
É um desafio? Sim. Mas é possível — e necessário.
Como diz Bruna Aeppli, jornalista, escritora e influenciadora brasileira na Suíça:
“Criar filhos no exterior é plantar uma árvore em solo estranho. Mas quando a raiz é firme, ela cresce, floresce e dá frutos — onde quer que esteja.”